http://www.liepaja-online.lv/parliepaju/vesture/cirulis/avio3.htm
Festival de aviação em Velciema.
Agora que esta renascendo a aviação na Letônia,e recomeçam os festivais de aviação,seria bom relembrar como eram esses festivais antigamente na Letônia,principalmente em Liepaja.No local onde havia a pista de decolagem utilizada pela aviação civil e militar,Velciema restou apenas um hangar,onde instalaram uma piscina,e parte da pista de asfalto,hoje utilizada pelas crianças que passeiam com suas bicicletas.
Alguma vez,no grande espaço ao lado da ponte de Karosta,logo cedo já começava a agitação.Aviadores letonianos,tanto civis,quanto militares,e da defesa civil,por ali se movimentavam.Ali também pousavam aviões de transporte bi-motores,pelo menos duas vezes por dia.
No final dos anos trinta,a juventude letoniana,e não apenas a juventude,tinha grandes interesses pela aviação.Um dos grandes responsáveis por esse interesse coletivo,era um cidadão de Liepaja, Herberts Cukurs,que com seus vôos épicos a Gâmbia e ao Japão,interessou a sociedade letoniana a cerca da aviação.Cada vila,cada cidadezinha,nem se falando em cidades como Riga e Liepaja,organizavam aeroclubes,construíam aeromodelos,planadores,a aviões de esporte.Os praticantes de vôo a vela,cantavam a popular musica feita em homenagem a Cukurs :" Cukurs lido Gambijā, šņāc tik Minna".Todo o verão onde era possível,se organizavam festivais de aviação,dias das propagandas de aviões,ou simplesmente bailes.Liepaja,não ficava atrás nesses eventos e nessas cantorias.
O maior acontecimento anual das festas de aviação:em Liepaja,no verão ensolarado,no aeroclube de Velciema.Logo ao raiar do dia chegavam vindos a pe,ou nos vagões de trens,espectadores,trazendo comida,crianças,e procuravam reservar os melhores lugares.Milhares de pessoas,se acomodavam ao lado da pista,se expremendo,e outros sobre telhados das residências próximas.
Parte dos aviões participantes já havia chegado,mas ainda se aguardava aviões vindos de Riga e outras cidades próximas.Lindamente perfilados estavam os aviões KOD,da defesa civil,vindos da base naval de Liepaja,dos hangares Tosmare,e os recém comprados,com 6 milhões de Latus(moeda oficial leta)dados pelo povo da Letônia,Gloster Gladiators,modernos caças militares bi-planos comprados da Inglaterra,os caças mais rápidos da época.
Na outra fileira estava o veloz mono-plano de asa baixa,equipado com motor Gypsi,o avião projetado e construído por Herberts Cukurs.Ao seu lado estavam perfilados os aviões construídos por Karlis Irbirtz,O “pássaro azul” de Nicolays Pulins,o VEF,e o recém acabado I-12,alem de outras aeronaves esportivas e de transporte,vindos de Jelgava,das escolas de pilotagem.
Quando os aviadores se aproximavam de seus aviões,imediatamente acabavam as conversas,os cumprimentos,e se dava inicio ao festival.Os praticantes de aeromodelismo,e planadores,se colocavam a margem da pista.Iniciava-se com 10 homens fortes,que posicionavam os planadores e seus pilotos,as correias de borracha eram atreladas,e os planadores um a um lançados ao espaço.
Isso era apenas o inicio.Todos aguardavam o momento dos vôos reais,o aquecimentos das aeronaves e o ronco ensurdecedor de seus motores.Apos isso,os aviões deslizavam pela pista em frente aos espectadores,e em seguida decolava em grupos ganhando os céus.Apos os vôos em formação,se seguiam as demonstrações de combates aéreos,realizados pelos aviadores e seus caças da Força Aérea Letoniana.Tambem participavam os aviadores da defesa civil,se revezando em manobras arrojadas.Um dos programas do dia consistia em passar com o avião através de 2 balizas de madeira,colocadas em vários pontos do campo,onde a baixa altura,se desviava de vários obstáculos e finalizava-se estourando balões de ar,colocados em posições estratégicas,com as hélices dos aviões. Essas manobras levavam o publico ao delírio.Ataques contra alvos,de compensado recém fabricados,realizados pela esquadrilha de Glosters,em seguida vinha os KOD lançando suas bombas,manobras de ataque,defesa.
O narrador berrava:Agora o pássaro azul de Pulins deixou o solo,começa as suas acrobacias,e tira o fôlego de milhares de espectadores!!Sem parar o aviador,faz manobras radicais,vôos reversos,loopings,finalizando com razantes sobre a cabeça do publico entusiasmado.
Ao pousar,o piloto era recebido com merecidas salvas de palmas e carregado pelo publico.
O programa continuava,e decolando em seu monoplano,Herberts Cukurs,começava a sua demonstração do que seu avião era capaz,e a pleno motor,deslizava velozmente.Cukurs já era bem conhecido dos cidadãos de Liepaja,desde a época em que tirando as asas de seu primeiro avião,circulou pelas ruas da cidade de Raina, assustando cavalos,em seu “passeio”.O povo também relembra,quando com seu avião passou por debaixo da ponte de Karosta,tirando tintas das pontas de asa,que lhe valeu a temporaria suspenção da Força aérea.
No final da década de trinta,saltar de paraquedas,não era tão popular como nos dias de hoje,e não era praticado como esporte,e sim como ultimo recurso para salvar a vida de um aviador.Ate o popular Herberts Cukurs,deu seu primeiro salto no festival de Kuldiga em 1939,anos depois de seus vôos famosos.Portanto na época,era normal jovens aviadores so terem oportunidade de usar paraquedas,se realmente tivessem apuros com seus aviões.
Um desses aviadores,sargento Kalnins,sempre que havia um evento,em que haveriam demonstrações de paraquedismo,procurava alguma desculpa para não participar.Nesse festival,seus colegas resolveram lhe aprontar uma peça,e quando o infeliz menos esperava,o auto falante anunciou que o Sargento Kalnins iria fazer um salto em homenagem a sua noiva Evelin,presente naquele dia.O coitado ficou entre a cruz e a espada.Ou passava pela humilhação diante de milhares de espectadores,e ainda perdia a noiva,ou então saltaria.Ele foi obrigadoi a escolher a ultima alternativa.
O publico delirou quando surgiu então o paraquedas alvo,que instantes depois pousou suavemente nas imediações trazendo a salvo o seu assustado tripulante.Instantes depois caíram centenas de pequenos paraquedas,que traziam a salvo,pequenas sacolinhas repletas de guloseimas de chocolate,alegria para a criançada.Esses paraquedas recheados podiam ser comprados nas bancas instaladas dentro do aeródromo,mas a gurizada preferia os caídos do céu dizendo serem mais saborosos.
O festival terminava com sorteio de bilhetes que davam direito,a um vôo grátis.Normalmente esses bilhetes eram vendidos a 10 latus,mas nessas ocasiões.com a grande procura,se esgotavam rapidamente,e se conseguia comprar no “cambio negro” por 20 latus.Esses vôos continuavam no dia seguinte,levando a dezenas de entusiastas ao seu “batismo do ar”,e deixando doces lembranças desses festivais.Com a chegada do ano de 1940,e em seguida a guerra,o destino mudou a vida de muitos desses aviadores,e muitos foram perseguidos,e tiveram fim desconhecido.Outros lutaram na aviação russa,outros na aviação alemã pilotandop os Arados,e os gota.Muitos aviadores letos entraram para a aviação de caça alemã pilotando os famosos Focke Wulf.
ILMARS CIRULIS
Publicado em 3 de julho de 1994.
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