segunda-feira, 5 de maio de 2008

DIREITO DE RESPOSTA A JACK ANDERSEN,PUBLICADA PELO "O GLOBO".

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Jack Anderson.
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Correspondente inglês.

Matéria publicada em O Globo,de 26-12-68.


Pouco depois da captura de Adolf Eichmann,por agentes israelitas em 1960,viajei para a América do Sul à procura de outros criminosos de guerra nazistas foragidos da justiça.Descobri Herberts Cukurs,brutal assassino de milhares de judeus indefesos,num bangalô azul e branco,nas selvas brasileiras próximo a São Paulo,Brasil.
Cinco anos mais tarde ,seu corpo irreconhecível,apareceu dentro de uma mala em Montevideo,Uruguai,para onde havia sido atraído por seus assassinos.Presume-se que a minha historia tenha colocado os vingadores na pista desse matador de milhares de judeus(.Reportagem publicada no Meridian Magazine.”De frente com o Demonio”.)
Este triste rodapé da historia precisa agora ser revisto.O monstro de Riga,que teve papel predominante na morte de 32.000 judeus letões em 1941.
Eu deveria ter imaginado que o ladino Cukurs procuraria entrar em acordo com a resistência judaica,depois que eu revelasse o seu paradeiro.Quando fugiu da Letônia junto com os retirantes nazistas,por exemplo,trouxe consigo uma jovem judia cuja vida salvara.
Para mim era mais do que obvio,diante do testemunho documentado das suas atrocidades contra os judeus,que Cukurs salvara a vida da jovem,com o fito de proteger a sua própria.
Outro acontecimento da a entender que ele era capaz de semelhante esperteza.Ele e a mulher,ambos com mais de sessenta anos tiveram,repentinamente um filho brasileiro,depois de seus outros filhos,dois rapazes e uma moça,já crescidos.A suspeita é de que Cukurs tenha pegado algum garoto abandonado,afirmando ser filho do casal.
Percebeu Cukurs que os brasileiros sentimentais em se tratando de crianças,provavelmente não o extraditariam,se ele pudesse afirmar que tinha um filho nascido no pais.Cukurs não querendo se arriscar contratou dois policiais fortemente armados para montarem guarda na sua residência,depois do rapto de Eichmann.Fui o primeiro estranho a conseguir chegar perto dele.
-Então? Disse ,após ter examinado meu cartão de jornalista emitido pela Casa Branca,-Voce veio ver o grande criminoso de guerra?
Seu sorriso era uma defesa,uma suplica,como que um silencioso queixume.Os dedos,nervosos brincavam com os óculos de aro preto,enquanto eu o interrogava a respeito de seu passado grotesco.
Um dos poucos sobreviventes de Riga,Max Kaufmann,cuja primeira mulher fazia parte das 32.000 vitimas,lembrava-se de ter visto Cukurs no primeiro dia de matança.
“Usava um casaco preto de couro e trazia ao lado uma enorme pistola”-disse Kaufmann.Cukurs usava ainda o paletó de couro e a pistola quando o procurei,no dia 13 de novembro de 1960.Fiz uma reportagem dizendo que ele dirigia três hidroaviões em São Paulo,no Brasil.Ostensivamente ganhava a vida levando os visitantes em viagens de recreio,mas também levava fugitivos nazistas para o interior do Brasil.

A delação.

Segundo os relatórios policiais que chegaram as minhas mãos,recentemente,após a minha reportagem ter sido publicada,Cukurs fez uma proposta aos judeus.Em recompensa pela sua própria segurança,e alem de mais 100.000 dolares em espécie,ele os conduziria a Joseph Mengele.Embora Cukurs e Menguele tivessem sido citados In absentis em Nurenberg,como criminosos de guerra,Mengele era obviamente a maior presa.
Informou Cukurs aos judeus que Mengele se achava escondido no Paraguai,alem do Rio Paraná a pouca distancia da pequenina cidade argentina de El Dourado.Graças a fortuna da família,Mengele vivia com conforto e tinha um barco,”O Viking II”,isso contou Cukurs.
Avisou que seria impossível aproximar-se da casa de Mengele,pela estrada sem ser visto.Disse ainda que a cidade mais próxima paraguaia Carlos Antonio Lopez,era um refugio de ex-nazistas,todos armados de pistolas e que alertariam Mengele na chegada de estranhos suspeitos.
Ofereceu-se Cukurs,mediante o pagamento de 100.000 dolares,para transportar com seu hidro-avião,os agentes judeus ate aquela zona.Poderiam descer as escondidas no Rio Paraná,e aproximarem-se de Mengele,pelo rio,sem que ele de nada desconfiasse.Os relatórios policiais insinuam que Mengele teve noticia da traição de Cukurs.
O assassinato de Cukurs no dia 23 de fevereiro de 1965,foi cometido de forma a dar a impressão de ter sido obra de vingadores judeus.....,mas não era isso.Outros indícios convenceram os técnicos do departamento de homicídios de que Cukurs havia sido morto por elementos da resistência nazista,embora,como membro do circulo de assassinos de multidões de judeus,ele fosse um herói.
Teria o diabólico Mengele,ao saber que Cukurs se prontificara para entrega-lo,ordenado a sua morte??
Sera Mengele ainda capaz de condenar homens a morte com um simples gesto de bengala?Recebera ainda a resistência nazista as vezes chamada de “Aranha”,pelos nazistas românticos,ordens dos velhos mandantes da morte?A policia uruguaia acredita que sim.Contudo,talvez,jamais consiga confirmar suas suspeitas.A Interpol recusou-se a auxilia-la na busca dos assassinos,na Europa,por que esta certa de que o massacre de Cukurs foi por motivos políticos,e a Interpol tem regulamentos severos contra intervenção em assuntos políticos.O governo do Paraguai não coopera por que seu ditador General Alfredo Stressner,negou estar dando asilo político a criminosos de guerra nazistas.Entretanto uma incursão pelos arquivos da policia de Montevideo,indica que Mengele pode ter agido por intermédio de algum membro da própria guarda pessoal de Strossner.
Durante mais de uma década transpiraram noticias do Paraguai a respeito de criminosos de guerra que se haviam ocultado na região de Carlos Antonio Lopez.O governo paraguaio tem negado com veemência tais noticias,e o departamento de Estado dos Estados Unidos,se tem visto impossibilatado de confirma-las.

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Após a família Cukurs tomar conhecimento dessa matéria,onde Jack Anderson,um sujeito que se diz correspondente jornalista,claramente usa de ma fé,onde retrata fatos tirados de sua mente,fazendo afirmações mentirosas a cerca de assuntos onde visa unicamente se promover diante de leitores incautos.Através de um sensacionalismo barato,onde a verdade é o que menos importa,surgiu a necessidade de se pedir o direito de resposta,ao jornal O Globo,que então foi publicada em 25 de março de 1969 com o seguinte teor:



“Aranha”:”Fugitivos nazistas ainda tem poder para matar”.
A proposito do artigo”Aranha”:Fugitivos nazistas ainda tem poder para matar’,de autoria de Jack Anderson,publicado em nossa edição de 26 de dezembro de 1968,recebemos de Gunars Cukurs a seguinte carta:
‘O jornal que vossa senhoria dirige,goza,num conceito quase geral,do prestigio de dizer a verdade.Supõe o leitor que ,quando O Globo publica alguma inverdade,seja por falta de informação correta ou por que essa informação seja impossível de obter.Fazendo jus a esse conceito,é que gostaríamos de ver O Globo tratar do caso Cukurs.
O caso Cukurs já foi muito comentado em toda a imprensa brasileira,desde o dia 1º de julho de 1950,quando todos os jornais do Rio de Janeiro,num furo jornalístico,noticiaram o” nascimento” de um criminoso de guerra.As Federações israelitas,nesse dia 1º de julho de 1950,assumiram a” maternidade” e anunciaram ao mundo o nascimento do criminoso de guerra Herberts Cukurs.
Na imprensa da época e posteriormente, as calunias se multiplicavam,na proporção em que as primeiras perdiam sua eficiência e eram desfeitas.
Em 1951,o Ministro da Justiça,após mandar investigar no exterior a vida pregressa de Herberts Cukurs,exarou o seguinte despacho:
“Não ficou provado que Herberts Cukurs seja um criminoso de guerra”.A despeito disso,a despeito dos pedidos de Cukurs para que fosse julgado,a despeito de nunca ter sido denunciado perante nenhum tribunal internacional,a despeito de jamais haver existido uma única prova dos crimes que lhe imputavam e sim,pelo contrario,de exibir Cukurs,farta documentação de sua inocência,a despeito disso tudo,as campanhas caluniosas na imprensa e só na imprensa,se repetiam,assim como se repetem hoje,com a publicação deste artigo de Jack Anderson em O Globo.
Se o assunto Cukurs sempre foi noticia de interesse para a imprensa e,ultimamente,em especial para O Globo,por que, senhor diretor,não publicar mais uma vez as acusações contra Cukurs e pela primeira vez a defesa de Cukurs?
Mas passemos ao artigo que deu origem a essa carta.
O senhor Jack Anderson,jornalista que subscreve o artigo,romanceia e mal,sobre fatos,dados e pessoas,querendo causar impressão de que é profundo conhecedor do assunto que trata,quando na verdade procura citar tudo e todos para confundir,o que nem isso consegue.A única finalidade que consegue é a de caluniar.
Examinemos as contradições do sr.Jack Anderson:
Diz Anderson:”Descobri Hubert Cukurs....”
O nome de Cukurs era Herberts e não Hubert.Jack Anderson não “descobriu” Cukurs,pois quando foi entrevista-lo,Cukurs já havia dado centenas de entrevistas a centenas de jornalistas,que não pretenderam te-lo “descoberto”.
Diz Jack Anderson:”O ladino Cukurs”” procuraria entrar num acordo com a resistência judaica depois que eu revelasse o seu paradeiro”.
Se Jack Anderson reconhece que Cukurs era ladino,como poderia supor,ao mesmo tempo,que Cukurs fosse tão ingênuo de se apresentar com seu nome verdadeiro?Não lhe pareceria estranho que um tão grande criminoso não procurasse trocar o nome?Não lhe pareceria estranho que um tão grande criminoso de guerra recebesse para entrevistas tantos jornalistas nacionais e estrangeiros?Não lhe pareceria estranho que um tão grande criminoso de guerra tivesse a lhe guardar a casa dois policiais brasileiros?
Diz Jack Anderson:”Cukurs fez uma proposta aos agentes judeus,em recompensa pela própria segurança,e alem de mais 100.000 dolares em espécie,ele os conduziria a Joseph Mengele”.Cukurs jamais poderia conduzir os agentes judeus a Mengele,pois em primeiro lugar,não o conhecia e,em segundo lugar,jamais soube de seu paradeiro.Quem poderia ter conduzido os comandos judeus a Mengele seria o próprio Jack Anderson,pois diz conhecer os amigos de Mengele,com quem conversou.
Referindo-se a Max Kauffmann,judeu letoniano que escreveu a obra mais completa sobre o extermínio de judeus na Letônia,local onde Cukurs teria praticado tantos crimes,diz Jack Anderson,citando Max Kauffmann,sobre Cukurs:”Usava um casaco preto de couro e trazia ao lado uma enorme pistola”.
Apenas o sr.Jack Anderson não diz que,em seu livro,Max kaufmann cita centenas de crimes cometidos,mencionando o nome dos criminosos e o local,e de Cukurs só cita os crimes de ter usado casaco de couro e pistola.Diz o sr.Jack Anderson:”Embora Cukurs e Mengele tivessem sido citados”in absentia” em Nurenberg,como criminosos de guerra”. Todo o processo de Nurenberg esta a disposição de quem queira ver para constatar-se se ai se encontra o nome de Herberts Cukurs.
Diz Jack Anderson:”Ele e a mulher,ambos com mais de sessenta anos,tiveram repentinamente,um filho brasileiro,depois que seus outros filhos-dois rapazes e uma moça-já estavam crescidos.A suspeita e de que Cukurs tenham pegado algum garoto abandonado,afirmando ser filho do casal”.
Em primeiro lugar,Cukurs,ao nascer seu ultimo filho,tinha 55 anos e sua esposa 45.A documentação do menino esta a disposição de quem queira ver.É impressionante que um sujeito tão bem “informado” desconhecesse coisas tão elementares e quisesse demonstrar tantos conhecimentos importantes.Mas a despeito das calunias e mentiras,o mais em todo esse artigo encomendado é a razão do seu aparecimento.
Jack Anderson diz que o assassinato de Cukurs foi cometido pela resistência nazista.Esquece o sr Jack Anderson que o assassinato de Cukurs foi cometido pelos judeus e para prova-lo basta ler a publicação das Federações Israelitas Brasileiras,efetuadas em O Globo de 14 de julho de 1965,à pagina 11,onde diz:”Apresentando relatório das suas atividades durante o biênio 1963-1965,a junta executiva da Federação das Sociedades Israelitas do Rio de Janeiro cita,no seu ativo,a solução do caso Cukurs”.E Jack Anderson”descobridor”,que o crime foi praticado pela resistência nazista.
A sede de sangue de alguns é tão grande que estão preparando com essas publicações mais um crime para atribui-lo aos nazistas,Familiares de Cukurs tem sido ameaçados e se amanhã assassinarem alguém da família,vão gritar pela imprensa que foram os nazistas,pois algum descendente de Cukurs estaria negociando com os assassinos de seu pai a entrega,provavelmente de Hitler.
Esta preparação é tão bem maquinada que se serve de um jornal do gabarito de O Globo.
Senhor Diretor:O jornal que o senhor dirige é um órgão que merece o respeito de quem o lê.
Gostaríamos de saber se a memória de um inocente não merece esse mesmo respeito.Gostariamos de saber se a legitima maternidade,a da mãe do filho de Cukurs,não merece este mesmo respeito.Gostariamos de saber se uma criança que nasceu no Brasil,o filho de Cukurs,merece que um jornal da estrutura de O Globo publique uma calunia como a da ilegitimidade de seu nascimento,calunia da irresponsabilidade de um estrangeiro,ausente do Brasil,mas publicada num órgão da imprensa brasileira.Gostariamos de saber,sr. Diretor,se o jornal que o senhor dirige,merece o respeito desse menino que lê no seu jornal que ele não é filho de seus próprios pais.E para que esse menino,o filho de Cukurs,possa ter o respeito que seu jornal merece que nos pedimos a publicação desta carta.

Gunars Cukurs.

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